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23 de Abril de 2011







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Energia cara tira indústrias do Brasil


Multinacionais reclamam também dos tributos e da concorrência chinesa e
preferem investir em outros países, como o Uruguai


23 de abril de 2011 | 0h 00







Karla Mendes / BRASÍLIA - O Estado de
S.Paulo


O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os
incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em
segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.


 


Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de
setores eletrointensivos - em que o custo da energia é um dos principais
componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e
papel e celulose - estão fechando unidades no País ou migrando para outros
locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.


Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan
está em negociações "avançadas" para instalar a maior fábrica de alumínio do
mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para
produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade
de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e
Estados Unidos.


A Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que,
apesar de a produtividade brasileira ser o dobro, essa vantagem é "desperdiçada"
pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto
fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.


A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve
paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz
(RJ), também ficou fechada pelo mesmo motivo.


Nesse setor, aliás, a situação é crítica. A Novelis fechou fábrica em Aratu
(BA) e, segundo fontes, pode migrar para o Paraguai. A Companhia Brasileira de
Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, está prestes a abrir filial em Trinidad e
Tobago.


Importação. Nesse segmento, a avalanche de produtos chineses é outra ameaça.
A importação de alumínio chinês, que até 2009 ficou num patamar de 17 mil
toneladas, saltou para 77 mil toneladas em 2010, que é o nível mínimo projetado
para 2011, de acordo com Eduardo Spalding, coordenador da Comissão de Energia da
Associação Brasileira do Alumínio (Abal). "A China, daqui a dez anos, vai ter
produção de alumínio igual à do resto do mundo todo somado", adverte.


Outra agravante, segundo ele, é a importação de produtos acabados, sem
possibilidade de agregar valor à mercadoria no País. Nesse ritmo, avalia
Spalding, o Brasil passará da condição de exportador para importador de alumínio
em 2012.


"No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários
exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais
de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi
expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo", diz Spalding.